Livros em acesso aberto são mais baixados, citados e mencionados do que livros não em acesso aberto [Publicado originalmente no blog LSE Impact of Social Sciences em Novembro/2017]

Por Carrie Calder

Do crowdfunding às taxas de publicação de livros (book publishing charges, BPCs), agências de fomento, instituições e publishers continuam a experimentar diferentes modelos de acesso aberto para livros. O financiamento limitado em disciplinas que tradicionalmente usam monografias como forma de comunicação científica significa que, enquanto o acesso aberto na publicação de periódicos existe desde 2000, apenas nos últimos cinco anos que vimos um progresso real na introdução do acesso aberto para livros. Da mesma forma, os periódicos de acesso aberto nas ciências humanas e sociais têm experimentado progressos limitados em comparação com as suas contrapartes STEM (acrônimo em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e medicina).

Existiriam, então, benefícios reais para autores e financiadores que dão o salto para publicar através de modelos de acesso aberto? Mais downloads e, até certo ponto, citações foram observados em artigos de periódicos de acesso aberto – poderia ocorrer o mesmo com monografias?

A Springer Nature publicou mais de 400 livros de acesso aberto no SpringerLink, desde monografias até pesquisas de curta ou média extensão, como o Palgrave Pivot e o SpringerBriefs. Isso nos fornece um sólido e crescente conjunto de dados a partir do qual podemos investigar esta questão, o chamado “efeito AA”.

Nosso informe, “The OA effect: how does open access affect the usage of scholarly books?1 (O efeito AA: como o acesso aberto influencia o uso de livros acadêmicos?), publicado em Novembro de 2017, mostra o que livros em acesso aberto são:

  • Baixados sete vezes mais – em média, há pouco menos de 30.000 downloads de capítulos por livro AA no primeiro ano de publicação, que é sete vezes mais do que o livro médio não-AA.
  • Citados 50% mais – as citações são, em média, 50% maiores para livros AA do que para livros não AA, ao longo de um período de quatro anos.
  • Mencionados online dez vezes mais – Livros AA recebem em média dez vezes mais menções online do que livros não AA, em um período de três anos.

Evidentemente, isso também varia de acordo com a disciplina. Para as ciências humanas, ciências sociais e direito, os livros AA são baixados em média 6,7 vezes mais do que os livros não-AA. Os livros AA nestas disciplinas recebem menos downloads do que a média em todas as áreas temáticas para livros AA, mas o mesmo se aplica aos livros não AA nestas disciplinas.

Uma amostra de 216 livros AA da Springer Nature e 17.124 livros não AA foram incluídos na análise de download (usando dados da SpringerLink); e 184 livros AA e 14.357 livros não AA na análise de citações e menções (usando dados da Bookmetrix). O informe também contém análise qualitativa de autores e financiadores. Nós divulgamos dados agregados para todas as análises que estão disponíveis nos formatos PDF2 e Excel3 da página de destino do informe (não podemos liberar os dados completos para a análise título por título, pois os dados de título não AA são comercialmente sensíveis).

Vale ressaltar que, embora o informe constate uma correlação positiva entre livros AA e mais downloads, reconhece que a causalidade não pode ser comprovada conclusivamente. O acesso aberto é um modelo de negócios relativamente novo para livros, e enquanto temos um bom conjunto de dados, nesta fase, não há dados suficientes para dar uma visão geral completa da vida de um livro AA. Reconhecemos que existem limitações em nosso estudo inicial e estas são discutidas mais adiante no informe.

Então, por que autores optam por publicar em acesso aberto? Parece que alguns autores estão convencidos do efeito AA, mas muitos citam aspectos éticos na mesma proporção. Nossos autores citaram “disseminação mais ampla” como uma das razões mais comuns para a escolha de um modelo AA, juntamente com “fácil acesso à pesquisa” e “motivações éticas”.

Helen Louise Ackers, Presidente da Global Social Justice na University of Salford é um dos autores motivados por razões éticas: “Eu trabalho com questões que têm a ver com desigualdade, então, para mim, publicar um livro que não seja AA sobre o impacto do desenvolvimento internacional seria bastante antiético, pois sei que as pessoas em Uganda não poderiam ler o livro. Para mim, foi um componente absolutamente crítico para a ética na publicação”.

Do mesmo modo, um professor de filosofia da Alemanha que quer permanecer anônimo nos disse: “minha motivação era política; se for uma pesquisa financiada publicamente (que é o meu caso), acho que o público tem o direito de acessar estes resultados sem restrições, não tendo que pagar duas vezes “.

Outras motivações relacionadas incluem temas de assunto (particularmente para autores que publicam pesquisas sobre desenvolvimento internacional em países de baixa renda); a possibilidade de comprar uma edição impressa mais barata do livro; expectativas de citações e downloads aumentados; e uma percepção de que a publicação AA significaria um tempo de publicação mais rápido.

Entretanto, embora os autores e os financiadores esperassem que os livros AA tivessem mais visibilidade, e também para chegar a um público mais amplo, eles não se sentiram suficientemente informados sobre o impacto real de seu trabalho e sentiram que não tinham ferramentas para medi-lo (poucos ouviram falar de Bookmetrix, para exemplo).

Para nós, como publishers, vemos o surgimento de pesquisas abertas em livros e dados, assim como artigos de periódicos, como importantes para o avanço da descoberta. Mas, como os livros têm uma vida útil muito maior do que artigos científicos e pelo fato de que as citações se acumulam ao longo do tempo, não é possível dizer quais são as tendências definitivas, como quando os picos globais de citação e uso ocorrem durante toda a vida do livro AA, até que mais pesquisas e análises sejam realizadas. Encorajamos outros a construir sobre a base deste informe, especialmente ao continuar avaliando as métricas e as percepções dos autores e financiadores sobre o AA por um período mais longo.

A autora gostaria de agradecer à Ros Pyne, à Mithu Lucraft, à Agata Morka e à Christina Emery pela autoria do informe original, “The OA effect: how does open access affect the usage of scholarly books?”1, agora disponível para download.

Nota da autora: Este artigo reflete as opiniões dos autores e não a posição do LSE Impact Blog, nem da London School of Economics. Por favor, reveja a nossa política de comentários4 se você tiver alguma dúvida ao postar um comentário.

Notas

1. EMERY, C., et al. The OA effect: how does open access affect the usage of scholarly books? [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15176744/data/v2/The+OA+effect%3A+How+does+open+access+affect+the+usage+of+scholarly+books%3F

2. EMERY, C., et al. Appendix for The OA Effect (PDF) [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15176746/data/v5

3. EMERY, C., et al. Appendix for The OA Effect (spreadsheet) [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15204492/data/v1

4. Comments Policy [online]. LSE Impact of Social Sciences blog. [viewed 11 September 2017]. Available from: http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/comments-policy/

Referências

A Brief History of Open Access [online]. Open Access 101 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://blogs.harvard.edu/openaccess101/what-is-open-access/what-is-open-access/

Comments Policy [online]. LSE Impact of Social Sciences blog. [viewed 11 September 2017]. Available from: http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/comments-policy/

EMERY, C., et al. Appendix for The OA Effect (PDF) [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15176746/data/v5

EMERY, C., et al. Appendix for The OA Effect (spreadsheet) [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15204492/data/v1

EMERY, C., et al. The OA effect: how does open access affect the usage of scholarly books? [online]. Springer Nature, 2017 [viewed 22 November 2017]. Available from: http://resource-cms.springer.com/springer-cms/rest/v1/content/15176744/data/v2/The+OA+effect%3A+How+does+open+access+affect+the+usage+of+scholarly+books%3F

Nature Communications: Citation analysis [online]. Nature. 2014 [viewed 22 November 2017]. Available from: https://www.nature.com/press_releases/ncomms-report2014.pdf

Artigo original em inglês:

http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2017/11/22/open-access-books-are-downloaded-cited-and-mentioned-more-than-non-oa-books/

 

Traduzido do original em inglês por Lilian Nassi-Calò.

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

CALDER, C. Livros em acesso aberto são mais baixados, citados e mencionados do que livros não em acesso aberto [Publicado originalmente no blog LSE Impact of Social Sciences em Novembro/2017] [online]. SciELO em Perspectiva, 2017 [viewed ]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2017/11/29/livros-em-acesso-aberto-sao-mais-baixados-citados-e-mencionados-do-que-livros-nao-em-acesso-aberto-publicado-originalmente-no-blog-lse-impact-of-social-sciences-em-novembro2017/

 

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