Por Marcelo de Troia* e Wagner Quintiliob
Introdução
Bactérias e vírus são velhos conhecidos humanos. Tudo leva a crer que o modo de vida dos nossos ancestrais, os coletores caçadores que percorriam a Terra em pequenos bandos, não favorecia a criação de epidemias. Depois de nossa fixação, passamos grande parte do tempo sobrevivendo e criando resistência imunológica a essas estruturas incríveis que habitam o planeta antes mesmo da nossa existência. Isso não faz muito tempo: não ultrapassa os 12 mil anos, época em que começaram os assentos permanentes de humanos. Apenas em 1647, Anton van Leeuwenhoek conseguiu enxergar pela primeira vez, em um microscópio caseiro “criaturas minúsculas” em uma gota de água. Nos 300 anos seguintes, passamos a ter conhecimento de muitas outras espécies microscópicas (HARARI, 2015).
Aqueles seres minúsculos revelariam muitas vezes um grande poder de letalidade, o que ficou comprovado com o aumento de nossa vida social, a criação de aglomerados e grandes cidades. Entre o século XIV e o XVIII, a Europa registrou cerca de 40 surtos epidêmicos. Em alguns deles, as cidades chegavam a perder de 20 a 30% de sua população. No século XVII, somente a peste europeia teria provocado em Londres a morte de 70 mil pessoas e a fuga de outras 300 mil pessoas (DEL PRIORE, 2015 p.152). Em 2020, celebramos os 100 anos do fim da temível gripe espanhola que exterminou 50 milhões de indivíduos1 em todo o mundo, sendo 300 mil no Brasil (WESTIN, 2020).
No século XIX e início do XX, as epidemias serviram para implantação de projetos higienistas que extrapolavam as questões ligadas à limpeza das cidades. Ações políticas em nome da higiene serviram para exterminar e expulsar pobres de regiões da cidade, expandir o espaço citadino a partir de princípios esboçados pelo urbanismo destruidor do Barão de Haussmann na Paris oitocentista que influenciou todas as metrópoles ocidentais. Um exemplo brasileiro, dentre tantos, foi a destruição do Morro do Castelo, no Rio de Janeiro (TROI, 2017), território de fundação da cidade eliminado a partir de jatos de água succionados do mar no início do século passado. As terras do Morro deram origem ao atual aterro do Flamengo.
O filósofo Michel Foucault, que se debruçou sobre as relações entre conhecimento e poder, estudou com detalhes os instrumentos de vigilância e punição na sociedade. Foucault foi perspicaz ao notar as mudanças de tratamento entre as ocorrências de hanseníase e de peste na Europa, diferenciando os regimes de expulsão da cidade, para o primeiro, e a instauração da quarentena, no segundo. Além disso, o filósofo e historiador vai notar que a união de discursos médicos, judiciários e policiais deixava evidentes os outros interesses que permeavam as sociedades disciplinares. Para Foucault, “a exclusão do leproso” e a “inclusão do pestífero” é um dos grandes fenômenos ocorridos no século XVIII. A quarentena ensejava um controle da cidade e dos corpos: “a peste traz consigo também o sonho político de um poder exaustivo, de um poder sem obstáculos, de um poder inteiramente transparente a seu objeto, de um poder que se exerce plenamente” (FOUCAULT, 2001, p.59).
Por outro lado, em muitos desses períodos, o papel das autoridades, em princípio, era negar o que estava ocorrendo. Sob o argumento de que não era necessária a preocupação, evitando “histeria” e “alarmismo”, tais atitudes quase sempre escondiam interesses políticos e econômicos. O século XIX, considerado um dos mais atingidos por epidemias, foi um período de muitas discussões a respeito da teoria do contágio, onde surgiu uma nova geração de cientistas negacionistas que duvidava da eficiência das quarentenas e dos cordões de isolamento: “numa clara associação entre teorias anticontágio e interesses comerciais, que os governos do norte da Europa, mais liberais e progressistas, avançaram com políticas higienistas abolindo quarentenas e cordões sanitários” (ALMEIDA, 2011, p. 1.064). Os Estados também abraçaram o discurso negacionista em função das perdas econômicas. No início do século XX, situações parecidas foram narradas nos surtos de febre amarela no Brasil, com médicos que recorriam a práticas religiosas, negando a transmissibilidade da doença (FRANCO, 1969). As consequências eram as piores possíveis.
A epidemia da Covid-19 que afeta o mundo desde o final de 2019 tem repetido muitas das situações anteriores vividas na idade moderna durante períodos de epidemia. Num misto de incompetência poĺítica e falta de discernimento em relação à realidade, crises epidêmicas têm sido agravadas pela tentativa de dar prioridade à mitigação dos efeitos econômicos em detrimento aos regimes de quarentena. Segundo diversos analistas, essa atitude teria custado à Itália um aumento do número de casos. Somado a isso, atualmente vivemos na era da disseminação instantânea da informação sob forte influência de correntes de pensamentos negacionistas. Negam-se fatos históricos, negam-se evidências científicas das mais contundentes resumindo a produção de conhecimento ao que se convencionou chamar de “guerra cultural”. Líderes políticos tentam desacreditar o valor e importância das Ciências em detrimento de seus interesses ideológicos. Mau sinal. A história nos mostra que isso pode agravar a situação e aumentar vertiginosamente o número de mortos.
O novo vírus nos impõe uma nova configuração de transmissão e pode, ao que tudo indica, tornar-se a maior epidemia do século XXI. Mas o que a Covid-19 sinaliza para todos os humanos?
A Covid-19
Coronavírus é uma grande classe de vírus envelopados de RNA positivo não segmentado. Foram descritos pela primeira vez na década de 1960 a partir de estudos relacionados à bronquite aviária. O nome deriva do seu aspecto: vistos em microscopia eletrônica, seu capsídeo circular com as espículas de proteína se assemelham à corona solar (NATURE, 1968).
Trata-se de uma família vírus que, majoritariamente, afeta animais, sendo que em humanos são conhecidas sete variedades. Delas, quatro já tinham sido detectadas no Brasil e foram responsáveis por infecções respiratórias de pouca importância (GÓES et al., 2019). SARS-CoV-1 e MERS-CoV são as outras duas variedades que não chegaram ao país, felizmente. A primeira provocou o surto de Síndrome Respiratória Aguda (SARS), sobretudo na Ásia, entre 2003 e 2004 e, a segunda, foi responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) identificado pela primeira vez na Arábia Saudita em 2012.
Se o MERS-CoV tem como origem os camelídeos (WHO, 2020), tanto o SARS-CoV-1 quanto o SARS-CoV-2 (responsável pela epidemia atual, Covid-19) foram originários de morcegos (WU et al., 2020) a partir de mutações que, em conjunto com a proximidade às comunidades humanas, favoreceram o advento da epidemia. Em especial, no caso do SARS-CoV-2, ao contrário do propalado nas redes de fake news, é improvável que o vírus tenha sido originado por manipulação em laboratório a partir do SARS-CoV-1 (ANDERSEN et al., 2020; BENVENUTO et al., 2020).
Vírus respiratórios podem infectar o trato superior, nariz e garganta, onde tendem a ser altamente contagiosos, ou o trato respiratório inferior, traqueia e pulmões, onde se espalham com menor facilidade, mas de maneira mais mortal. O SARS-CoV-2 uniu essas duas habilidades. Além disso, o vírus utiliza um mecanismo de entrada nas células que depende de uma proteína de superfície encontrada nas células de mucosa do trato respiratório superior, além de várias outras no organismo (XU et al., 2020), o que lhe confere uma infectividade muito alta.
Soma-se a isso tudo uma relativa estabilidade. O vírus mantém sua infectividade fora do corpo humano por um tempo relativamente longo, favorecendo a transmissão. Em superfícies como plástico e metal chegam a resistir por até três dias, em papel e em aerossóis por algumas horas (VAN DOREMALEN et al., 2020). Daí o alarme: uma doença potencialmente perigosa se juntou à alta capacidade de infectar seres humanos.
A letalidade da Covid-19 não é, per se, alta. Afinal, há outras doenças com letalidade bem maior (INFORMATION IS BEAUTIFUL, 2020). A partir de dados de março de 2020, conclui-se que a letalidade da Covid-19 estava em aproximadamente 2%, em média. Considerando que a gripe aviária (H5N1) tem letalidade de quase 60%, e que a velha conhecida dos brasileiros, a febre amarela, mata 7 % dos infectados e a gripe sazonal, algo em torno de 0,1% dos infectados (CDC, 2020), averigua-se uma letalidade baixa para a Covid-19. Porém, o problema não é a letalidade, mas a morbidade.
O SARS-CoV-2 é um vírus desconhecido, tanto pela Ciência, quanto pelo sistema imunológico do ser humano. Sua alta capacidade de infectar pode provocar uma pneumonia severa que demanda hospitalização com assistência respiratória. E esse é o problema do ponto de vista de saúde pública: sobrecarga dos hospitais e do já precário sistema de saúde, no caso do Brasil.
Além disso, a medida de quarentena que, já comprovada, impede o aumento de transmissão de casos, atinge em cheio a sociabilidade dos humanos, uma das principais características da nossa espécie. Sem dúvida, o isolamento traz consequências psíquicas para todos os indivíduos e para a coletividade como um todo, favorecendo tentativas e teorias que minimizam a necessidade dessa ação extrema, porém, necessária para evitar uma explosão do contágio.
Vigilância e tecnologia
Em artigo recente para o Financial Times, o professor Yuval Harari (2020) tratou de refletir sobre o mundo após o coronavírus. Ele pergunta no final: “Iremos percorrer o caminho da desunião ou adotaremos o caminho da solidariedade global?” Dentre as diversas preocupações descritas pelo historiador, estão as tecnologias usadas para contar a epidemia. Isso cria um paradoxo, porque ao mesmo tempo em que desejamos e concordamos com as medidas de quarentena para evitar o contágio, sabemos que elas tratam, em última instância, da suspensão de direitos constitucionais extremamente valiosos para as democracias liberais. Vigilância totalitária e empoderamento dos cidadãos estão no centro dessa preocupação.
A China adotou diversas tecnologias de vigilância para conter o avanço do vírus como reconhecimento facial, monitoramento de smartphones, câmeras que podem medir a temperatura dos corpos no espaço urbano, aplicativos móveis que avisam a proximidade de pessoas infectadas. Para Harari, a epidemia pode ser um divisor de águas na história da vigilância já narrada anteriormente por Foucault, normalizando a implantação de ferramentas, criando uma transição dramática da vigilância “sobre a pele” para a vigilância “sob a pele”.
Muitos pensadores trataram apressadamente de ver a Covid-19 como um duro golpe contra o capitalismo global. Mas a história também tem nos sinalizado que não é bem assim. Naomi Klein demonstrou em seu livro A doutrina do choque, como no mundo contemporâneo o capitalismo tem se aproveitado de desastres naturais para recrudescer o regime neoliberal. Após o furacão Katrina, o governo norte-americano aproveitou o momento para vender as escolas, até então comunitárias, para a iniciativa privada. Klein mostrou como o dinheiro para as vítimas da enchente era desviado para erradicar o sistema público e privatizar o setor da educação.
Com a população fragilizada pelo choque e incapaz de agir, o enfrentamento de situações de emergência transforma-se em um mercado aquecido, servindo para governos com viés totalitários desestabilizarem as democracias. Dois rápidos exemplos recentes no Brasil, a partir da chegada da Covid-19, foram a compra de máscaras cirúrgicas com preço 67% acima do seu valor de um aliado do governo2 e a Medida Provisória 928 que suspendeu a Lei de Acesso à Informação3. O diretor geral da Organização Mundial da Saúde alertou para o fato de que a Covid-19 está gerando uma repressão global à liberdade de imprensa. Nos Estados Unidos, informações falsas e enganosas do presidente Trump foram ampliadas por uma rede de comentaristas nas mídias sociais e na Fox News, atrasando a resposta pública no país, informou4 a Columbia Journalism Review, uma das mais respeitadas revistas de jornalismo do mundo, publicada desde 1961.
A partir do atual cenário, o filósofo Vladimir Safatle chegou a cunhar o conceito de “estado suicidário” para descrever a atual situação do Brasil, um novo modelo de gestão do neoliberalismo, afirmando: “Há várias formas de destruir o estado e uma delas, a forma contra revolucionária, é acelerando em direção a sua própria catástrofe, mesmo que ela custe nossas vidas” (SAFATLE, 2020, sp).
Um doença na era das fake news
Em diversas partes do globo, além de lidarem com os desafios impostos pelo próprio vírus e os respectivos sistemas de saúde, cientistas, governos locais e sociedade civil organizada têm lutado contra outro inimigo: a desinformação.
Temos testemunhado diversos governos ao redor do globo que elegeram como inimigos alguns dos principais pilares das chamadas democracias liberais desde a criação do Estado moderno, a saber, a imprensa, as ciências e a política.
Atuar em situações de emergência nas quais o inimigo não é visível exige confiança naqueles que detêm o poder político, o conhecimento e a informação qualificada. Que tipo de governo é esse que se instalou nos países e que visa a destruição das próprias ferramentas democráticas, com teorias conspiratórias, distorção de fatos históricos? Tem se evidenciado que muito do seu poder e controle vem por um misto de obscurantismo religioso e negacionista mesclado com as próprias tecnologias do mundo contemporâneo como as redes sociais e seus jogos algorítmicos. Para Bruno Latour (2018), essa situação só foi possível porque há um déficit na prática compartilhada, falta-nos um mundo compartilhado. Se o conhecimento só pode existir apoiado por instituições que possam ser confiáveis e tem sido objetivo desses governantes minar a confiança nas instituições, uma espécie de “delírio epistemológico” torna-se público.
Grande parte da comunidade científica tem gasto seu tempo não apenas para informar a população sobre os cuidados para evitar a transmissão da Covid-19 e as projeções numéricas de infectados que impediriam o colapso dos sistemas de saúde, mas cientistas no mundo inteiro têm utilizado seu precioso tempo para desfazer informações mentirosas ou convencer governantes oportunistas de que a ciência pode auxiliar na tomada de decisões que podem evitar a morte de vidas.
Para Harari (2020) para atingirmos um estado de conformidade e cooperação, essencial para vencer a epidemia, será preciso confiança. Confiança nas ciências, nas autoridades públicas e na mídia. “Agora, esses mesmos políticos irresponsáveis podem ficar tentados a seguir o caminho do autoritarismo, argumentando que você simplesmente não pode confiar no público para fazer a coisa certa”, afirmou o estudioso.
Covid-19 e o mundo futuro
A Attac France, uma associação independente francesa que mobiliza a sociedade por justiça social e ecológica, publicou um texto recentemente sobre a construção do mundo futuro após a epidemia do coronavírus, afirmando não querer um retorno à normalidade, “porque a normalidade neoliberal e produtivista é o problema”5.
A Covid-19 tem funcionado como um amplificador, uma lente de aumento dos problemas do Antropoceno, essa era em que os humanos tornaram-se uma força geológica capaz de desestabilizar o planeta, e do capitalismo neoliberal, demonstrando a importância do papel do Estado e dos sistemas públicos de saúde. As ações de isolamento e circulação tomadas por conta do vírus evidenciaram que o ser humano funciona como uma verdadeira epidemia para o planeta Terra e para as espécies não humanas. Não são raros os registros de pessoas que têm percebido o aumento da presença de insetos e animais, até mesmo em áreas urbanas. A ausência de pessoas também modificou a paisagem de muitos locais, a exemplo de Veneza6.
A presença do vírus em nosso cotidiano provocou mudanças radicais nas nossas formas de vida. Primeiro na China, depois na Itália, com a diminuição da poluição na área afetada pelo vírus registrada a partir de comparação de imagens de satélites7. Com isso, fica demonstrado que a atividade humana gera impacto e que seria possível uma ação global de emergência para diminuir as emissões de gases estufas, garantindo um planeta menos aquecido. Isso também evitaria o aparecimento de novas epidemias a partir dos inúmeros vírus que podem estar congelados nos chamados permafrost8, solos congelados há milhares de anos, ou mesmo os organismos virais que ainda se abrigam nas florestas remanescentes que estão sendo destruídas pela força do agronegócio.
Evidencia-se nesses tempos que a principal arma contra o coronavírus é a mesma contra a crise climática: parar. E isso desafia o modelo de vida imposto desde a modernidade e pautado, essencialmente, pela velocidade. Não conseguimos parar porque todos os sistemas produtivos e econômicos estão aliados a essa lógica. A Covid-19 atinge em cheio um dos pressupostos da globalização que é a mobilidade, interrompendo de maneira inédita e global a circulação de pessoas (XIANG, 2020) e de mercadorias.
A Covid-19 tem sido responsável pelo aparecimento de outra temporalidade, desorganização da vida que só experimentamos em meio aos levantes e às revoluções, a exemplo das Jornadas de Junho de 2013 que nos atiraram momentaneamente em outras lógicas, fazendo-nos repensar toda a estrutura de vida atual.
Se os governos têm tomado medidas de austeridade com a intenção de socorrer a economia em detrimento das vidas humanas, isso é mais uma prova de que, mesmo com toda a suposta ameaça à economia, a Covid-19 pode, no final, representar lucro e mais depauperamento de vida para as camadas menos favorecidas. Contra isso, cientistas do mundo inteiro têm trocado informações sobre o enfrentamento da epidemia, humanizando linhas de produção, governos nacionalizaram hospitais, para que o lucro não esteja acima das vidas humanas.
Os países que não negam a gravidade da situação e que confiam nas Ciências, pautando decisões a partir daqueles que dedicam suas vidas à construção de conhecimento, têm tido mais chance de reduzir a curva de transmissão e também de mortos. No meio de tantas más notícias, uma solidariedade global se desenha, demonstrando que, em momentos de emergência, podemos fazer o melhor para garantir o futuro.
Podemos e devemos transformar a experiência da epidemia em algo positivo, pensando em um mundo mais justo, menos desigual, e isso deveria valer para pensarmos a crise climática, uma bomba relógio em curso. Mas como sensibilizar as pessoas tal e qual foram sensibilizadas pela ameaça viral? Porque esperar o pior acontecer se podemos agir agora como já estamos agindo contra a Covid-19?
Afiliação dos autores
a. Jornalista, doutorando no Programa Multidisciplinar de Pós Graduação em Cultura e Sociedade no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia, visiting PhD researcher no ISCTE-CIS do Instituto Universitário de Lisboa (Capes Print). *email: troimarcelo@gmail.com
b. Doutor em Bioquímica pela Universidade de São Paulo, pesquisador do Instituto do Butantan, professor associado ao Programa de Pós Graduação em Interunidades em Biotecnologia (USP/IPT/Butantan).
Notas
1. O site Visual Capitalist criou um infográfico com a história das pandemias no qual compara os números estimados de mortes em cada uma delas. Informação disponível em: <https://www.visualcapitalist.com/history-of-pandemics-deadliest/>. Acesso em: 25 mar. 2020.
2. Para mais detalhes sobre esse fato, leia a reportagem “Coronavirus: sem licitação Mandetta paga 67% mais caro para comprar máscaras de empresa de bolsonarista”, do The Intercept Brasil, disponível em: <https://theintercept.com/2020/03/22/mandetta-mascaras-bolsonarista-coronavirus/>. Acesso em: 25 mar. 2020.
3. A Lei de Acesso à Informação é considerada uma das maiores conquistas da recente democracia brasileira. Com ela, foi estabelecido um novo padrão na administração pública obrigando os gestores a tornarem transparentes e acessíveis todas as movimentações do governo, com prazos para a entrega de informações. Sobre a Medida Provisória que suspendeu a lei, leia a reportagem “MP que suspende Lei de Acesso à Informação fere conquista democrática”, no site Consultor Jurídico, disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-mar-24/mp-suspende-acesso-informacao-fere-conquista-democratica>. Acesso em: 25 mar. 2020. No dia 26 de março, o Supremo Tribunal Federal suspendeu os efeitos da MP.
4. Em artigo publicado no dia 25 mar. 2020, a CJR explana sua preocupação com a liberdade de imprensa e a cobertura da epidemia no mundo, combatendo a idéia oportunista da China de que o controle do governo sobre as informações era essencial para combater a crise. O artigo completo está disponível em: <https://www.cjr.org/analysis/coronavirus-press-freedom-crackdown.php>. Acesso em: 26 mar. 2020.
5. O ensaio intitulado “Coronavírus: uma revolução ecológica e social para construir o mundo futuro” pode ser lida em publicação do dia 23 mar. 2020, disponível em: <https://france.attac.org/nos-publications/notes-et-rapports/article/coronavirus-une-revolution-ecologique-et-sociale-pour-construire-le-monde-d>. Acesso em: 26 mar. 2020.
6. A claridade das águas nos canais da cidade italiana surpreendeu moradores e pesquisadores. A ausência dos transportes aquáticos motorizados deixou de agitar as águas. Sobre esse assunto veja matéria no The Guardian, do dia 20 mar. 2020, disponível em: <https://www.theguardian.com/environment/2020/mar/20/nature-is-taking-back-venice-wildlife-returns-to-tourist-free-city>. Acesso em: 27 mar. 2020.
7. O impacto das emissões de gases estufa foi registrado pelos satélites em registros de dezembro de 2018 e março de 2019 comparados à imagens de dezembro de 2019 e março de 2020. Os dados de satélite foram analisados no jornal The New York Times em parceria com o Descartes Labs, um grupo de análise geoespacial, em reportagem do dia 17 mar. 2020, disponível em: <https://www.nytimes.com/interactive/2020/climate/coronavirus-pollution.html>. Acesso em: 25 mar. 2020.
8. Uma reportagem da BBC Brasil, em 15 mai. 2017, relata como o derretimento de geleiras está levando ao ressurgimento de doenças “adormecidas”, disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-39905298>. Acesso em: 26 mar. 2020.
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Como citar este post [ISO 690/2010]:
Olá. Parabéns pelo instigante texto. Existe um erro de digitação no início do tópico “Vigilância e tecnologia” o nome do historiador é “Yuval” como consta nas referências e não “Yoan” Harari.
Corrigido, obrigada!
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