Entrevista com Susana I. Córdoba de Torresi

Susana I. Córdoba de Torresi

Susana I. Córdoba de Torresi

Quais são as razões para que a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) seja considerada uma das mais avançadas sociedades científicas do país, em especial na comunicação científica? Nesta entrevista, a Professora Susana I. Córdoba de Torresi (USP) nos informa sobre a política e esforços da SBQ para credibilidade, visibilidade e internacionalização.

Susana I. Córdoba de Torresi é Professora Titular do Departamento de Química Fundamental do Instituto de Química da Universidade de São Paulo – USP. Com licenciatura em Físico Química (1983) e doutorado em Ciências Químicas pela Universidad Nacional de Córdoba (1988), completou seu pós-doutorado, pela Université Pierre et Marie Curie em 1990. Sua livre-docência ocorreu pelo Instituto de Química da USP, no ano de 1999. Suas linhas principais de pesquisa são: Estudo Eletroquímico de Polímeros Condutores, Eletro-Intercalação de Óxidos de Metais de Transição e Eletrocromismo, entre outras. Pertence ao corpo editorial da Química Nova e do Journal of Electroanalytical Chemistry e é revisora de 15 outros periódicos internacionais.

1-Percebemos que na área de química os pesquisadores que publicam internacionalmente publicam também, com frequência, nos dois periódicos da Sociedade Brasileira de Química: Journal of the Brazilian Chemical Society e Química Nova. Sem dúvida isso acontece de forma bem mais frequente do que em outras áreas de ciências naturais. Você tem alguma opinião sobre a razão dessa diferença?

Acredito que isso esteja relacionado à credibilidade dos periódicos e da própria Sociedade Brasileira de Química. Por outro lado, a SBQ tem batalhado bastante junto à área de Química para a classificação dos periódicos no sistema Qualis da CAPES. Por exemplo, na Química, a classificação é feita apesar do Fator de Impacto. JBCS, por exemplo, é A2 na Química, cuja faixa de Fator de Impacto é acima de 3, mas JBCS é apenas 1,4. Isso foi feito para vários outros periódicos editados no País, desde o início dessa celeuma do Qualis. No caso específico da Química Nova, ela é A2 ou A1 em áreas afins da Química, como engenharia química ou engenharia de alimentos e geociências, o que também explica esse fato.

2- Os periódicos JBCS e QN já existiam antes do SciELO. Qual é sua opinião e de seus colegas sobre se o SciELO influenciou nos caminhos destes dois periódicos.

O SciELO deu, definitivamente, mais visibilidade para estes periódicos. Sobretudo considerando que as nossas paginas web não são tão poderosas nem com tantos recursos como a plataforma SciELO. No caso específico da QN, a ferramenta de tradução foi muito importante como assim também o seguimento dos downloads. É importante verificar que QN é um periódico muito lido e acessado, não necessariamente citado, o que se reflete no FI.

3- Os artigos do JBCS são citados por autores internacionais 1,34 vezes mais do que por autores nacionais. No caso do QN, essa relação se inverte (0,55 vezes). Uma explicação plausível é o extensivo emprego do português no QN versus o uso exclusivo do inglês no JBCS. Como os editores do QN têm considerado essa conjuntura?

Esse fato é conhecido pela Sociedade, e muito analisado nas reuniões de editores. O mais importante é esclarecer que cada otem a sua missão e objetivos muito bem determinados e traçados dentro da SBQ. A Sociedade tem mais três periódicos, além de JBCS e QN, e cada uma delas tem a sua “personalidade” e função. A Química Nova na Escola está destinada e atende a professores de ensino médio e fundamental, a Revista Virtual de Química trata fundamentalmente de divulgação da química e a Química Nova Interativa é um portal para interação com o grande publico e fazer a Química mais amigável, especialmente para os jovens.

A QN tem o objetivo de ser a principal publicação em química de Iberoamérica e temos desejado isso, já que publicamos também em espanhol. Várias estratégias foram planificadas como a inclusão de proeminentes cientistas da América Latina, Espanha e Portugal no Editorial Board.

Também, a QN ocupa um lugar dentre as primeiras do mundo no JCR quando se faz uma pesquisa na área de Química, multidisciplinar e multilíngue.

4- A Sociedade Brasileira de Química é provavelmente a mais avançada sociedade científica do Brasil em política de publicação. Como a sociedade está se posicionando diante do chamado do SciELO para que a gestão dos periódicos seja mais profissionalizada e internacionalizada?

Parte disso já foi respondido anteriormente. O apoio da Sociedade as editoras é completo, através da contratação de funcionários exclusivos para os periódicos. No caso da Química Nova, temos três funcionários com diploma em Química (dois mestres e um doutor), ambos fluentes em inglês e espanhol e com grande domínio de informática, trabalhando em tempo integral no periódico. A internacionalização é também uma consequência da credibilidade, periodicidade, etc., além de uma estreita relação com as Sociedades Químicas (especialmente a americana e a britânica) que também possuem atividade editorial marcante.

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Entrevista com Susana I. Córdoba de Torresi [online]. SciELO em Perspectiva, 2013 [viewed ]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2013/09/06/entrevista-com-susana-i-cordoba-de-torresi/

 

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