Estamos no Radar do GSM?

Por Ernesto Spinak

Google Scholar Metrics (GSM)

Google Scholar Metrics (GSM)

O Google Scholar Metrics (GSM), é um serviço bibliométrico em acesso aberto que fornece um ranking mundial de periódicos científicos segundo o indicador h-index1 calculado sobre a base das citações compiladas pelo motor do Google Scholar nos últimos 5 anos, daí a denominação h-5-index. Este índice difere do JCR/WoS da Clarivate Analytics e do SJR/Scopus do SCImago pelas políticas de seleção, cobertura e a indexação dos periódicos científicos que inclui.

A primeira versão do GSM surgiu em abril de 2012 (calculado entre os anos 2007-2011), e foi sendo aperfeiçoado em sucessivas versões até a versão atual de 2016 (calculado entre os anos 2011-2015), que elimina muitos dos erros constatados e reportados à equipe técnica do Google Scholar. Por outro lado, o GSM oferece produtos interessantes que não estão incluídos nas alternativas comerciais como JCR e SJR. Como diz o livro La revolución Google Scholar2,

“… os periódicos no GSM estão categorizados em 12 idiomas principais, desde o inglês até o português. O GSM identifica mais periódicos, em mais idiomas, de mais países que os produtos tradicionais”.

Os autores do livro citado estimam que para a quinta versão do GSM publicada em 2014, o índice incluía mais de 40.000 periódicos científicos, além de uma percentagem de conferências e repositórios temáticos.

Para ser incluído no GSM não é necessário apresentar solicitações a comitês de seleção de SCImago ou WoS (e possivelmente ser reprovado), pois o processo é gratuito e simples.

O que é necessário que um periódico cumpra para ser incluído neste ranking? Apenas cumprir dois critérios básicos:

  • O periódico deve ter publicado ao menos 100 artigos citáveis no quinquênio precedente ao último ano indexado. Por exemplo, para o índice de 2017, o periódico deve ter publicado ao menos 100 artigos no período 2012-2016, ou seja, uma média de 20 artigos por ano.
  • Neste quinquênio o periódico deve ter recebido ao menos uma citação de qualquer outro periódico do conjunto do GSM.

Os requisitos são bem simples, mas é reconhecido que este índice não indexa publicações menores, por exemplo, periódicos que publicam em média menos de 20 artigos por ano. Entretanto, temos que considerar que no mundo há dezenas de milhares de periódicos que publicam esta quantidade ou mais de artigos por ano.

Este requisito nos recorda um item das propostas incluídas nos Critérios de Indexação do SciELO3 publicado em setembro de 2014, apenas dois anos depois do surgimento do GSM. Estes critérios de indexação, hoje vigentes, foram estabelecidos primeiro para o Brasil e posteriormente seriam aplicados para toda a Rede SciELO, ajustados às condições de cada país. Com muita previsão e de forma oportuna, o Comitê Consultivo do SciELO Brasil incluiu no referido documento, na Tabela 3, considerações do fluxo da produção editorial onde se recomendava para todas as áreas temáticas uma periodicidade mínima quadrimestral, e a publicação de mais de 25 artigos por ano.

A situação dos periódicos da Rede SciELO

Como cumprem este critério de produtividade os periódicos do Programa SciELO?

A informação a seguir pode ser encontrada nos informes de atividade4 disponíveis em SciELO Analytics, que é um produto ainda em desenvolvimento do portal scielo.org.

Desde o começo do Programa SciELO, já faz 19 anos, foram registrados 1.656 títulos de periódicos, que em sua maioria chegaram a ser publicados, procedentes de 16 países e coleções especializadas. Mais de 400 títulos não chegaram finalmente a ser publicados, mudaram de nome, ou não estão atualmente ativos por interrupção da publicação ou da indexação no SciELO. Por esta razão, na página do SciELO Network – http://www.scielo.org – na data deste post, se indica que há 1.249 periódicos com mais de meio milhão de artigos disponíveis.

Então, qual é o índice h-5 destes periódicos SciELO? Ou seja, eles estarão no Radar do GSM? (o seu estará?)

Dos periódicos que figuram como “correntes” e que publicaram ao menos um número nos anos recentes, há 901 periódicos (72%) que têm índice h-5 segundo os registros do SciELO Analytics, ou seja, aparecem no GSM. Os outros 348 (28%) são periódicos correntes que não aparecem no GSM possivelmente devido às seguintes causas: (1) Baixa produtividade, pois não chegam a 20 artigos por ano, mesmo que publiquem pontualmente e com regularidade; (2) Estão atrasados na publicação por mais de dois anos, o que afeta a média de artigos; destes 348 periódicos, há pelo menos 44 que não publicaram artigos por três anos ou mais; (3) Não receberam citações no quinquênio passado ou, ao menos, o GSM não as detectou; e, (4) Têm h-5, mas não foram identificados como periódicos SciELO e, portanto, não estão registrados nos relatórios de h-5 do SciELO Analytics.

Se tiver dúvidas a respeito de algum periódico, pode consultar o SciELO Analytics para ver se ele efetivamente cumpre com os requisitos – e incidentalmente, é uma forma de contribuir com o melhoramento do GSM. As citações podem ser verificadas na tabela Indicadores Gerais disponível em http://scielo.org/php/level.php?lang=pt&component=56&item=49.

O Programa SciELO também pode contribuir para melhorar o produto, informando a GSM que alguns periódicos de boa qualidade, devido à sua temática mais especializada, não dispõem de tanto material original para produzir 20 artigos por ano em média, porém devido a seu impacto em sua área, deveriam entrar no Radar.

Em outras palavras: estes mais de 340 periódicos SciELO que não estão no GSM possivelmente cumprem com a maioria dos critérios de boas práticas editoriais – comitê editorial, peer review, controle de plágio, internacionalização, etc., porém pode ser que não estejam no Radar por uma restrição numérica do GSM. Embora devemos reconhecer com honestidade que não é o caso de muitas deles. A consequência que mais cedo ou mais tarde nos alcançará é que se um autor irá selecionar um periódico para publicar sua pesquisa, e não pode publicar nos periódicos de elite, nem pode pagar APC… você acredita que sua primeira escolha seria enviar seu artigo a um periódico que não está no GSM?

Minha opinião

Somos livres de discordar dos (maus) usos do Fator de Impacto, falar mal das empresas que publicam o JCR e o SJR por causa de seus preconceitos, elitismo e vieses comerciais. Também podemos bater no peito e assinar quantas declarações nos favoreçam. Entretanto, há uma realidade que nos enfrenta, e é que se não somos capazes de ingressar no índice do GSM porque não temos 20 artigos originais por ano para publicar, é hora de revisar nossa estratégia.

Uma estratégia poderia ser começar a publicar números especiais ou suplementos que complementem uma certa quantidade de artigos por ano que aumentem a média em cinco anos. Progressivamente, isso haveria de aumentar a frequência de forma permanente. Seria mais simples se fosse adotada uma política de publicação continuada.

Tome nota que a medição do h-5 se realiza em uma janela de 5 anos, o que significa que aumentando a quantidade de artigos a partir deste ano, pode ser que seu periódico demore dois ou mais anos para chegar a integrar o ranking.

Não podemos demorar.

Notas

1. h-index [online]. Wikipedia. 2017 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://en.wikipedia.org/wiki/H-index

2. ORDUA-MALEA, E., et al. La revolución Google Scholar: destapando la caja de Pandora académica. Granada: Universidad de Granada, 2016. 268p. Available from: https://goo.gl/WdvuvY

3. Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos científicos na Coleção SciELO Brasil [online]. SciELO, 2014 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://www.scielo.br/avaliacao/20141003NovosCriterios_SciELO_Brasil.pdf

4. SciELO Analytics: Reports [online]. SciELO, 2017 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://analytics.scielo.org/w/reports

Referências

Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos científicos na Coleção SciELO Brasil [online]. SciELO, 2014 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://www.scielo.br/avaliacao/20141003NovosCriterios_SciELO_Brasil.pdf

h-index [online]. Wikipedia. 2017 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://en.wikipedia.org/wiki/H-index

ORDUA-MALEA, E., et al. La revolución Google Scholar: destapando la caja de Pandora académica. Granada: Universidad de Granada, 2016. 268p. Available from: https://goo.gl/WdvuvY

SciELO Analytics: Reports [online]. SciELO, 2017 [viewed 23 march 2017]. Available from: http://analytics.scielo.org/w/reports

Link externo

Google Scholar Metrics – <http://scholar.google.com.uy/citations?view_op=top_venues&hl=en>

 

spinakSobre Ernesto Spinak

Colaborador do SciELO, engenheiro de Sistemas e licenciado em Biblioteconomia, com diploma de Estudos Avançados pela Universitat Oberta de Catalunya e Mestre em “Sociedad de la Información” pela Universidad Oberta de Catalunya, Barcelona – Espanha. Atualmente tem uma empresa de consultoria que atende a 14 instituições do governo e universidades do Uruguai com projetos de informação.

 

Traduzido do original em espanhol por Lilian Nassi-Calò.

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

SPINAK, E. Estamos no Radar do GSM? [online]. SciELO em Perspectiva, 2017 [viewed ]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2017/04/07/estamos-no-radar-do-gsm/

 

2 Thoughts on “Estamos no Radar do GSM?

  1. SciELO on April 12, 2017 at 09:46 said:

    Leia o comentário em espanhol, por Javier Santovenia:

    http://blog.scielo.org/es/2017/04/07/estamos-en-el-radar-del-gsm/#comment-40934

  2. Pingback: Google Scholar Metrics: critérios e a base Scielo | Blog da BC

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