Indexação de periódicos: Padrões essenciais e porque são importantes [Publicado originalmente no LSE Impact Blog em agosto/2019]

Por Danielle Padula1

Se um artigo de pesquisa é publicado sem ser adicionado a nenhum índice acadêmico, isso tem algum impacto? Ao contrário do experimento mental – “Se uma árvore cai em uma floresta e ninguém está por perto para ouvi-la, ela emite algum som?” – há uma resposta bem definitiva para a pergunta anterior. Impactos intangíveis à parte, é quase certo que, se não for adicionado aos índices acadêmicos, o impacto de um artigo será bastante abafado.

A indexação é vital para a reputação, o alcance e, consequentemente, os impactos dos artigos de periódicos. Relatos nos últimos anos descobriram que índices acadêmicos, como o Google Acadêmico, o PubMed, o MathSciNet e o Directory of Open Access Journals (DOAJ) são os principais pontos de partida para a maioria dos pesquisadores. Além disso, muitos pesquisadores priorizam referenciar e submeter a periódicos incluídos nos principais índices, porque a indexação é um marcador da qualidade do periódico.

Toda organização que publica periódicos deveria priorizar a indexação, para aumentar o alcance de seus artigos e atender melhor às necessidades dos pesquisadores. Para os publishers de periódicos alcançarem os mais amplos impactos da indexação, é essencial atender aos padrões básicos de publicação E aos mais altos padrões técnicos de indexação.

Padrões básicos de indexação

Todos os índices acadêmicos exigem que os periódicos sigam certos padrões básicos de publicação. Para atender aos requisitos básicos de indexação, os periódicos devem ter:

  • Um ISSN (International Standard Serial Number);
  • Números de DOI (Digital Object Identifier);
  • Um cronograma de publicação estabelecido;
  • Uma política de direitos autorais;
  • Metadados básicos em nível de artigo.

A partir disso, os índices terão diferentes requisitos de inclusão, como:

  • Escopo da publicação: muitos índices aceitam apenas periódicos publicados em áreas específicas. Por exemplo, o MEDLINE e o PubMed Central indexam apenas periódicos nas ciências biomédicas e da vida.
  • Corpo editorial e políticas: geralmente os índices exigem os nomes e afiliações completos dos editores dos periódicos, bem como informação sobre as políticas editoriais do periódico, como uma política de avaliação por pares disponível ao público e uma declaração de ética em publicação.
  • Nível de profissionalização da publicação: alguns índices analisam a profissionalização da publicação, incluindo legibilidade de artigos e qualidade da produção.
  • Política de arquivamento: alguns índices exigem que os periódicos mostrem que seus artigos estão sendo arquivados por um serviço de preservação digital de longo prazo.

Você pode encontrar uma análise completa dos padrões de publicação de índices acadêmicos no eBook How to publish low-cost, high-quality open access journals on-line2 da Scholastica. Os padrões de publicação garantem a uniformidade e a reputação dos índices. Consequentemente, índices com padrões mais altos tendem a ser mais confiáveis pelos acadêmicos, melhorando a reputação e o alcance dos seus periódicos.

Exemplos dos principais índices gerais incluem:

  • Academic Search (EBSCO)
  • Directory of Open Access Journals (DOAJ)
  • JSTOR
  • SciELO
  • Web of Science (WoS)

Alcançar o máximo potencial de indexação: Porque padrões técnicos são fundamentais

Quando os periódicos atendem aos principais padrões de publicação, como os descritos acima, eles serão elegíveis para os índices relevantes. Porém, para obter o máximo valor da indexação, os periódicos também devem atender aos mais altos padrões técnicos.

Existem dois modelos principais de como os índices coletam e processam informações:

  • Rastreadores web: Alguns índices, como o Google Acadêmico, indexam artigos de periódicos por meio de rastreadores web, que são programas automatizados da Internet que “rastreiam” sites para coletar informação. Para que os rastreadores identifiquem facilmente novo conteúdo, os publishers devem aplicar metadados aos artigos e manter uma estrutura de site que atenda aos requisitos do índice.
  • Depósitos de metadados/conteúdo: Muitos índices não possuem rastreadores web e exigem que as informações sejam enviadas a eles em formatos legíveis por máquina. Nesse caso, os arquivos de metadados legíveis por máquina (geralmente XML) devem ser depositados no índice para que o índice possa processar a informação do artigo e saber o que retornar nos resultados da pesquisa.

Embora os índices de rastreadores web façam a maior parte do trabalho para os periódicos, existem etapas que os publishers devem executar para garantir que os artigos possam ser rastreados. Por exemplo, para um mecanismo de pesquisa acadêmica como o Google Acadêmico, as etapas técnicas incluem:

  • Checar arquivos HTML e PDF para ter certeza de que o texto é passível de busca;
  • Configurar os sites dos periódicos para exportar dados bibliográficos em meta tags HTML;
  • Certificar-se de que os sites de periódicos podem ser rastreados por robôs.

É importante observar que a maioria dos índices acadêmicos não possui rastreadores web e exige que os metadados legíveis por máquina sejam enviados a eles. Embora alguns índices tenham formas de fazer depósitos manuais de metadados, o depósito direto de arquivos de metadados legíveis por máquina em índices é o mais alto padrão técnico e produz os melhores resultados.

Os arquivos de metadados legíveis por máquina são mais ricos, mais uniformes e menos propensos a imprecisões em comparação com os metadados inseridos manualmente. Eles também têm potencial de mineração de dados (ou potencial de mineração de texto e dados, se forem arquivos de texto completo). Os artigos que permitem a mineração de texto e dados podem ser processados por scripts on-line e ferramentas de aprendizado de máquina para analisar as informações do artigo para fins como análise de linguagem ou citação. Por exemplo, Scite, um novo provedor de software, está usando o aprendizado de máquina para digitalizar citações de artigos com o objetivo de verificar se os artigos foram confirmados ou contraditos.

O padrão de indexação técnica para periódicos acadêmicos é o XML, ou linguagem de marcação extensível (extensible mark-up language), no formato JATS, que significa Journal Article Tag Suite. Enquanto o XML é uma linguagem, a JATS é um tipo de sintaxe. É uma maneira específica de formatar arquivos XML desenvolvidos pela NISO (National Information Standards Organization). A JATS é preferida ou exigida por muitos índices acadêmicos, incluindo todos os índices e mecanismos de pesquisa da National Library of Medicine, NML (ou seja, PubMed, PubMed Central e MEDLINE). O cOAlition S também recomenda enfaticamente que os artigos sejam formatados em XML JATS em suas diretrizes de implementação atualizadas do Plano S.

A produção de XML no formato JATS é do lado mais técnico, mas softwares podem automatizar grande parte do processo. Os softwares também podem ser usados para gerar arquivos XML de texto completo e evitar etapas como adicionar e verificar manualmente dados de direitos autorais ou metadados de citação, economizando tempo e custos.

Os periódicos devem ao menos produzir arquivos XML da página inicial para todos os artigos com metadados básicos, como título, publisher e DOI. No entanto, como observado, os arquivos XML JATS de texto completo são melhores para mineração de texto e dados. Eles também são solicitados por alguns índices como o PubMed Central. Os arquivos XML JATS de texto completo incluem todos os metadados mencionados, bem como o texto completo do artigo.

Você recebe de acordo com o que envia

A inclusão de artigos de periódicos em índices relevantes pode melhorar muito sua reputação e alcance, proporcionando maior potencial de impacto para os periódicos e os pesquisadores que publicam neles. A inclusão nos principais índices é um indicador da qualidade do periódico para acadêmicos e suas instituições, e os índices são um dos principais meios de comunicação que os pesquisadores usam para encontrar artigos, servindo como poderosos meios de descoberta. Porém, os benefícios potenciais dos índices dependem da qualidade dos metadados legíveis por máquina e dos arquivos dos artigos que os periódicos colocam neles. Para publishers e autores de periódicos obterem o maior impacto possível da indexação, é essencial que os periódicos tomem medidas para atender aos mais altos padrões técnicos e de publicação.

Notas

1. Este post inclui partes do eBook da Scholastica How to publish low-cost, high-quality open access journals on-line2.

2. How to publish low-cost, high-quality open access journals online [online]. Scholastica. 2019 [viewed 18 August 2019]. Available from: https://lp.scholasticahq.com/guide-to-high-quality-open-access-journal-publishing/

Referências

GARDNER, T. and INGER, S. How Readers Discover Content in Scholarly Publications [online]. Renew Publishing Consultants. 2018 [viewed 18 August 2019]. Available from: https://renewconsultants.com/wp-content/uploads/2018/08/How-Readers-Discover-Content-2018-Published-180903.pdf

How to publish low-cost, high-quality open access journals online [online]. Scholastica. 2019 [viewed 18 August 2019]. Available from: https://lp.scholasticahq.com/guide-to-high-quality-open-access-journal-publishing/

New free eBook: How to publish low-cost, high-quality open access journals online [online]. Scholastica blog, 2019 [viewed 18 August 2019]. Available from: https://blog.scholasticahq.com/post/new-free-guide-publish-low-cost-high-quality-open-access-journals-online/

Principles and Implementation [online]. Plan S and cOAlition S. 2019 [viewed 18 August 2019]. Available from: https://www.coalition-s.org/principles-and-implementation/

Links externos

Journal Article Tag Suite <https://jats.nlm.nih.gov>

Scholastica <https://scholasticahq.com>

Scite <https://scite.ai>

Sobre Danielle Padula

Danielle Padula dirige os serviços à comunidade em Scholastica, uma plataforma web de software para gerenciar periódicos acadêmicos com revisão por pares integrada e ferramentas de publicação de acesso aberto. Danielle gerencia o blog da empresa e cria recursos para ajudar editores de periódicos e pesquisadores a navegar no cenário em evolução de publicações de periódicos.

Artigo original em inglês

https://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2019/08/22/journal-indexing-core-standards-and-why-they-matter/

Traduzido do original em inglês por Lilian Nassi-Calò.

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

PADULA, D. Indexação de periódicos: Padrões essenciais e porque são importantes [Publicado originalmente no LSE Impact Blog em agosto/2019] [online]. SciELO em Perspectiva, 2019 [viewed ]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2019/08/28/indexacao-de-periodicos-padroes-essenciais-e-porque-sao-importantes/

 

2 Thoughts on “Indexação de periódicos: Padrões essenciais e porque são importantes [Publicado originalmente no LSE Impact Blog em agosto/2019]

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